Atlas Virtual da Pré-História

Evolução dos Elefantes: A Ordem Proboscidea


Paleoartes:

- AVPH

Introdução

Os elefantes pertencem à ordem Proboscidea, cujo nome deriva do grego proboskis (“tromba”), estrutura característica desse grupo de mamíferos placentários do clado Afrotheria. Hoje, restam apenas três espécies viventes, o elefante-africano-da-savana (Loxodonta africana), o elefante-africano-da-floresta (Loxodonta cyclotis) e o elefante-asiático (Elephas maximus).

Contudo, os elefantes atuais são os únicos sobreviventes dentre as mais de 600 espécies de Proboscídeos já descobertas. O primeiro proboscídeo que se conhece surgiu há mais de 45 milhões de anos atrás na África, onde iniciaram a sua conquista global. Esses primeiros proboscídeos possuíam um porte menor que foi se desenvolvendo e se especializando ao longo do tempo, variando em muitas formas e tamanhos distintos, até chegar na forma atual que conhecemos hoje.

Diversificação

A ordem Proboscidea é composta por duas subordens, a subordem Mammutida que é composta principalmente pela família Mammutidae dos mastodontes do gênero Mammut e Zygolophodon; e a subordem Elephantida que é composta pelas famílias Elephantidae dos elefantes e mamutes e Gomphotheriidae (Gnathabelodon Barbour & Sternberg, 1935; Choerolophodon Schlesinger, 1917; Gomphotherium Burmeister, 1837; Archaeobelodon Tassy, 1984; Serbelodon Frick, 1933; Protanancus Arambourg, 1945; Amebelodon Barbour, 1927; Platybelodon Borissiak, 1928; Sinomastodon Tobien et al., 1986; Eubelodon Barbour 1914; Rhynchotherium Falconer, 1868; Cuvieronius Osborn, 1923; Stegomastodon Pohlig, 1912; Haplomastodon Hoffstetter, 1950; Notiomastodon Cabrera, 1929).

A Família Elephantidae foi dividida em duas subfamílias: Stegotetrabelodontinae composta de 4 gêneros (Stegodon, Stegolophodon, Stegotetrabelodon e Stegodibelodon) e Elephantinae composta de 5 gêneros (Primelephas, Loxodonta, Elephas, Mammuthus e Palaeoloxodon) (Maglio, 1973).

Evolução

O proboscídeo mais antigo conhecido é o gênero Phosphatherium, do início do Eoceno (cerca de 55 milhões de anos atrás, no atual Marrocos). Esses primeiros representantes eram animais pequenos, lembrando antas, mas já apresentavam características que anunciavam a evolução dos elefantes modernos, como a modificação dentária.

Durante o Eoceno, surgiram formas como Moeritherium, que tinha corpo semelhante ao de um hipopótamo e tromba rudimentar. A dentição sofreu modificações importantes: os caninos desapareceram, os molares aumentaram de tamanho e surgiu o sistema de substituição horizontal dos dentes, típico dos elefantes atuais.

Ao longo do tempo, a tromba tornou-se mais longa e funcional, atuando como órgão preênsil, respiratório e de comunicação, enquanto os incisivos superiores se transformaram nas famosas presas, estruturas de marfim que variaram em forma e função ao longo da história do grupo.

Irradiações

Primeira irradiação (41–29 milhões de anos atrás): surgimento de gêneros como Moeritherium, Palaeomastodon e Barytherium. Nessa fase apareceram também os Deinotheriidae, proboscídeos de presas inferiores curvadas para baixo.

Segunda irradiação (21–11 milhões de anos atrás): expansão dos gomfotérios, grupo diverso que inclui formas com presas em formato de pá, como Platybelodon e Amebelodon. Nesse período, os proboscídeos se espalharam por quase todos os continentes, exceto Austrália e Antártida.

Terceira irradiação (7–1 milhão de anos atrás): diversificação da família Elephantidae, com o aparecimento dos gêneros Loxodonta, Elephas e Mammuthus. Foi nesse grupo que se consolidaram as adaptações mastigatórias e corporais que caracterizam os elefantes atuais.

Há 7,3 milhões de anos atrás ocorreu a divisão entre os gêneros Loxodonta africano e Elephas asiático (Maglio, 1973). Os fósseis mais antigos do gênero Loxodonta foram encontrados em Uganda e são datados de 6,0 a 5,5 milhões de anos atrás (Tassy 1995). A espécie mais antiga desse gênero descoberta foi a Loxodonta adaurora originária do leste africano e que se espalhou pela região sub-Saariana (Maglio, 1973). Durante o começo do período Pleistoceno, surge a espécie Loxodonta atlantica, send ela maior e mais especializada que seus antepassados, ela surgiu e se espalhou pelo norte e pelo sul da África. Os fósseis mais antigos de Loxodonta africana indicam que ele descende de L. adaurora, porém espécies de transição nunca foram encontradas (Maglio, 1973). O declínio e o desaparecimento de L. adaurora e L. atlantica coincide com o aparecimento na África de duas espécies vindas da Ásia e parentes próximas dos elefantes asiáticos (Palaeoloxodon recki e Elephas iolensis) e após o desaparecimento do gênero Elephas da África no final do período Pleistoceno, L. africana se tornou a única espécie de elefante no continente africano.

A espécie L. africana se espalhou por toda a África, que em seguida permaneceram isolados há cerca de 2,6 milhões de anos atrás, criando assim subgrupos, os quais acredita-se que vieram a se tornar espécies e subespécies diferentes. Estes subgrupos são divididos em dois: um grupo é composto pelos atuais Elefantes da Floresta (Loxodonta cyclotis) e os extintos Elefantes de Guerra (Loxodonta cyclotis pharaohensis) e o segundo grupo dos elefantes da savana, composto pelos Elefante sul africanos (Loxodonta africana africana) e suas variações regionais, existentes no Tanzânia, Kenya, sudoeste da Somália e Uganda (L. a. knockenhaueri), existentes no nordeste do Sudão (L. a. oxyotis) e existentes no norte da Somália e oeste da Etiópia (L. a. orleansi). Estudos atuais ainda não classificaram as subespécies L. c. pharaohensis e as outras L. africana em grupos distintos, não estando oficialmente descritas e portanto não sendo reconhecidas pela comunidade científica. Sendo apenas reconhecidas as duas espécies Elefante da Floresta (Loxodonta cyclotis) e Elefante da Savana (Loxodonta africana) (Eggert et. al., 2002 e Martin, 1991).

O gênero Elephas se espalha pela Ásia dando origem ao Elefante Asiático (Elephas maximus) ao se espalhar pelo sul da Ásia geram 5 sub-grupos: o Elefante indiano (Elephas maximus indicus) que é a subespécie mais abundante ocupando a região da Índia, o Elefante do Ceilão (E. m. maximus) que possuí o maior tamanho, alcançando os 3 metros de altura e habita a ilha do Sri Lanka, o Elefante de Sumatra (E. m. sumatrensis) que possuí pequeno tamanho, cerca de 2 metros de altura e é nativo da ilha de Sumatra, o Elefante da Malásia (E. m. borneensis) que é a menor de todas as subespécies, cerca de 1,7 metros de altura e é restrito ao noroeste da ilha de Bornéu (estudos genéticos mostraram que esta população se separou das outras subespécies há cerca de 300 mil anos atrás) e o Elefante Sírio ou Elefante de Guerra Sírio (E. m. asurus) que era a maior das subespécies de Elefantes asiáticos, chegavam a medir cerca de 3,5 metros de altura. Esta subespécie se encontra extinta, sua extinção ocorreu perto do ano 100 antes de Cristo devido ser considerada a melhor para se utilizar em guerras antigas pelos exércitos asiáticos, em comparação ao Elefante de guerra africano (L. c. pharaoensis).

As espécies do gênero Elephas ao encontrar climas frios do norte asiático e europeu se adaptaram dando origem ao gênero Mammuthus há cerca de 6,0 a 5,0 milhões de anos atrás. O gênero Mammuthus dominou facilmente os ambientes frios no norte do planeta, chegando facilmente a Europa e América do Norte, chegando até a habitar climas quentes próximos aos equatoriais.

Situação Atual

Com as mudanças climáticas do final do Pleistoceno e a pressão da caça humana, a maioria das espécies de proboscídeos foi extinta. Restaram apenas três espécies modernas: o Elefante-africano-da-savana (Loxodonta africana), o Elefante-africano-da-floresta (Loxodonta cyclotis) e o Elefante-asiático (Elephas maximus). Todas elas enfrentam ameaças severas, principalmente devido à perda de habitat, fragmentação populacional e caça ilegal pelo marfim. Atualmente, são classificadas como espécies ameaçadas de extinção, o que reforça a necessidade de sua conservação.

Classificação Científica:

  • Reino: Animalia
  • Filo: Chordata
  • Classe: Mammalia
  • Infraclasse: Placentalia
  • Ordem: Proboscidea
  • Famílias: Elephantidae, †Mammutidae, †Gomphotheriidae, †Moeritheriidae, †Numidotheriidae, †Barytheriidae, †Anancidae e †Deinotheriidae.

Espécies catalogadas

Referências:

  • - Lori S. Eggert, Caylor A. Rasner and David S. Woodruff, The evolution and phylogeography of the African elephant inferred from mitochondrial DNA sequence and nuclear microsatellite markers, The Royal Society, 2002.
  • - Maglio, V. 1973 Origin and evolution of the Elephantidae. Trans. Am. Phil. Soc. 63, 1–149.
  • - Martin, C. 1991 The rainforests of West Africa: ecology, threats, conservation. Basel, Switzerland: Birkha user.
  • - Tassy, P. 1995 Les proboscidiens (Mammalia) fossiles du rift occidental, Ouganda. In Geology and palaeobiology of the Albertine Rift Valley, Uganda-Zaire. II. Palaeobiology (ed. B. Senut & M. Pickford), pp. 217–257. Orleans, France: CIFEG.