Introdução

O Lobo Terrível ou Dire wolf (Aenocyon dirus) é um mamífero carnívoro pertencente à família Canidae, que viveu aproximadamente entre 125 e 10 mil anos atrás, durante o final do período Pleistoceno Superior e o início do Holoceno Inferior, habitando a América do Norte e América do Sul. Conhecido por sua constituição robusta e poderosa, foi um dos principais predadores da megafauna da Era do Gelo. Recentemente, a espécie ganhou destaque com tentativas de clonagem e engenharia genética, tornando-se um símbolo das possibilidades e dos dilemas da desextinção.

Etimologia

O nome do gênero Aenocyon deriva da junção dos termos gregos aeno, que significa "terrível", e cyon, que significa "cão", formando o sentido de “cão terrível”. O epíteto específico dirus vem do latim e também carrega o significado de “terrível” ou “medonho”. O nome científico completo, portanto, reforça o caráter ameaçador da espécie, tanto em sua forma quanto em seu comportamento predatório.

Descrição

O Aenocyon dirus foi um dos maiores canídeos que já existiu, superando em tamanho e força o lobo-cinzento (Canis lupus). Seus dentes eram mais robustos e adaptados para o esmagamento ósseo, com grande capacidade de cisalhamento, o que o tornava eficiente na caça e no consumo de presas grandes. Sua mordida era consideravelmente mais potente que a dos lobos modernos.

Apesar de competir com outros grandes predadores do período, como leões americanos (Panthera atrox), ursos de cara curta (Arctodus simus) e tigres-dente-de-sabre (Smilodon fatalis), os lobos terríveis adotavam estratégias de caça cooperativa, caçando em matilhas organizadas, o que lhes conferia vantagens ecológicas. Duas subespécies são atualmente reconhecidas: Aenocyon dirus guildayi e Aenocyon dirus dirus.

A extinção da espécie, ocorrida há cerca de 10 mil anos, está relacionada a diversos fatores, incluindo mudanças climáticas ao final da Era do Gelo, a extinção da megafauna de que dependia para se alimentar (como preguiças gigantes, mastodontes, camelos, bisões e cavalos antigos), além da competição com outros predadores, inclusive humanos, cuja chegada e caça em larga escala contribuíram para a extinção desses animais.

A empresa Colossal Laboratories & Biosciences anunciou em 2025 a clonagem bem-sucedida de Lobos cizentos (Canis Lupus) com 20 modificações genéticas do Lobo terrível (Aenocyon dirus) a partir de material genético extraído de fósseis dentários com 13 mil anos e um crânio datado de 72 mil anos, para torná-los fisicamente similares a Lobo terríveis. Utilizando ferramentas de edição genética como o CRISPR-Cas9 e fêmeas de cães domésticos como hospedeiras, foram gerados três filhotes viáveis: dois machos, Remus e Romulus (em referência à lenda romana dos fundadores de Roma), nascidos no início de 2024, e uma fêmea chamada Khaleesi, nascida no início de 2025, em homenagem à personagem de Game of Thrones. O anúncio foi divulgado publicamente em 7 de abril de 2025.

Descoberta

A espécie foi descrita formalmente em 1858 pelo paleontólogo Joseph Leidy. O primeiro fóssil, um maxilar com dentes, foi encontrado em 1854 no leito do rio Ohio, próximo a Evansville, Indiana (EUA), por Francis A. Linck e enviado ao geólogo Joseph Granville Norwood. Leidy inicialmente classificou o espécime como Canis primaevus, mas esse nome já havia sido utilizado para outra espécie, e em 1869 ele o renomeou como Canis indianensis. Em paralelo, Leidy também descreveu outros fósseis encontrados no vale do rio Niobrara, em Nebraska, como Canis dirus, que se tornaria a denominação aceita da espécie.

A maior quantidade de fósseis de Aenocyon dirus foi encontrada nos poços de piche de La Brea, em Los Angeles, onde milhares de indivíduos foram preservados em excelente estado, permitindo estudos aprofundados sobre sua anatomia, dieta e comportamento.

Classificação

O Lobo Terrível pertence à classe Mammalia, ordem Carnivora e família Canidae. Inicialmente classificado como membro do gênero Canis, análises genéticas publicadas em 2021 mostraram que o Aenocyon dirus era geneticamente distinto dos lobos e coiotes modernos, o que levou à sua realocação para um novo gênero, Aenocyon. Ele representa uma linhagem evolutiva antiga e separada dentro da família dos canídeos, tendo divergido de seus parentes modernos há cerca de 5,7 milhões de anos.