Introdução

O Saltassauro (Saltasaurus loricatus) foi um dinossauro saurópode herbívoro que viveu há aproximadamente 70 milhões de anos, durante o final do período Cretáceo (Maastrichtiano), na região que hoje corresponde ao noroeste da Argentina. Apesar de pequeno em comparação a outros saurópodes, o Saltassauro possuía uma característica singular: foi o primeiro saurópode descoberto com evidências de armadura corporal, o que obrigou os paleontólogos a revisarem antigas concepções sobre os métodos de defesa desses gigantes pré-históricos.

Etimologia

O nome Saltasaurus significa "lagarto de Salta", em referência à província de Salta, na Argentina, onde seus fósseis foram descobertos. O epíteto específico loricatus vem do latim e significa “protegido por pequenas placas blindadas”, uma clara alusão à sua armadura dérmica composta por osteodermas.

Descrição

O Saltassauro era relativamente pequeno para um saurópode, com comprimento estimado entre 6 e 12 metros, 3,0 metros de altura e peso aproximado entre 2,5 e 7 toneladas, dependendo da análise. Possuía corpo robusto, membros curtos e grossos, cabeça pequena e pescoço relativamente curto. Sua cauda era longa, e o abdômen bastante largo.

Sua armadura corporal era composta por dois tipos de osteodermas: grandes placas ovais com até 12 centímetros de comprimento, algumas com quilos ou espinhos, provavelmente organizadas em fileiras longitudinais; e pequenos ossículos arredondados ou pentagonais com cerca de 7 mm de diâmetro, que preenchiam os espaços entre as placas maiores, formando uma cobertura contínua sobre a pele. Essa estrutura fornecia proteção tanto para adultos quanto, possivelmente, para filhotes que viviam em bandos.

Saltassauros possuíam dentes cilíndricos com pontas espatuladas, adequados para cortar vegetação. Como outros titanossauros, acredita-se que fossem graviportais, ou seja, animais que caminhavam lentamente devido ao peso elevado. Fósseis de ninhos encontrados na Patagônia sugerem que as fêmeas depositavam ovos em covas, posteriormente cobertas com vegetação. Esses ovos, com cerca de 11 a 12 cm de diâmetro, apresentavam embriões com impressões de pele, revelando escamas com padrão semelhante ao dos adultos.

Descoberta

Os fósseis de Saltasaurus loricatus foram descobertos entre 1975 e 1977 na Estância El Brete, na Formação Lecho, por uma equipe liderada por José Bonaparte, Martín Vince e Juan C. Leal. O material foi descrito oficialmente em 1980 pelos paleontólogos Bonaparte e Jaime E. Powell. O holótipo (PVL 4017-92) é composto por um sacro articulado a dois ílios. Além disso, mais de 200 fósseis adicionais foram catalogados sob o número PVL 4017, incluindo vértebras, dentes, partes do crânio, da pelve, dos membros e várias placas dérmicas.

A descoberta revolucionou a visão sobre os saurópodes ao revelar que, ao contrário do que se pensava, nem todos dependiam apenas do grande tamanho como forma de defesa. O Saltasaurus foi o primeiro saurópode conhecido com armadura corporal preservada, o que levou paleontólogos a reconsiderarem a possibilidade de que outros titanossauros também fossem blindados.

Classificação

O Saltasaurus pertence à família Saltasauridae, dentro do clado Titanosauria, um grupo de saurópodes particularmente abundante na América do Sul durante o Cretáceo Superior. Estudos cladísticos recentes o posicionam dentro do subgrupo Saltasaurinae, junto de outros gêneros como Neuquensaurus e Rocasaurus.

O gênero Saltasaurus é atualmente representado por uma única espécie reconhecida, S. loricatus. Nomes anteriormente atribuídos como Saltasaurus robustus e Saltasaurus australis foram posteriormente reclassificados para o gênero Neuquensaurus. Placas ósseas inicialmente atribuídas ao gênero Loricosaurus foram, provavelmente, pertencentes ao Saltasaurus, sendo este o verdadeiro primeiro saurópode blindado conhecido pela ciência.