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Paranthropus de Boise

(Paranthropus boisei)

Paranthropus boisei - AVPH

Paleoartes:

- AVPH

- John Gurche

Introdução

O Paranthropus de Boise (Paranthropus boisei) foi uma espécie de hominídeo que viveu entre aproximadamente 2,4 e 1,4 milhão de anos atrás, durante o período Pleistoceno no Leste da África. Este hominídeo robusto é conhecido por suas adaptações especializadas para a mastigação de alimentos duros, sendo considerado um dos membros mais extremos da linhagem robusta dos australopitecíneos.

Etimologia

O nome do gênero Paranthropus vem do grego "para" significando ao lado ou próximo e "anthropus" significa homem, podendo ser traduzido como "próximo do homem". O nome da espécie, boisei, é uma homenagem a Charles Boise, um importante patrocinador das pesquisas de Louis e Mary Leakey no sítio arqueológico de Olduvai Gorge, na Tanzânia. Originalmente foi classificado como Zinjanthropus boisei, que significava “homem do Zinj”, em referência à antiga designação para a costa leste da África. Posteriormente, foi reclassificado como Australopithecus boisei, integrando o grupo dos “australopitecíneos robustos”, até que análises morfológicas mais detalhadas levaram à criação do gênero Paranthropus.

Descrição

Paranthropus boisei possuía um crânio grande com uma mandíbula extremamente robusta, além de molares e pré-molares muito grandes e com esmalte espesso, características que indicam uma dieta baseada em vegetais fibrosos e duros. Os dentes anteriores eram pequenos, e os ossos faciais eram grandes e posicionados à frente, acomodando músculos de mastigação muito desenvolvidos. No topo do crânio, uma crista sagital (crista óssea que se estende da frente para trás) ancorava esses músculos, conferindo à espécie uma aparência facial marcante e altamente especializada.

Seu cérebro tinha volume entre 500 e 550 cm³, menor do que o de hominídeos do gênero Homo. Os machos podiam medir cerca de 1,40 metros de altura e pesar até 70 kg, enquanto as fêmeas eram menores, com cerca de 1,10 metros de altura e peso em torno de 45 kg. As proporções corporais eram semelhantes às de Australopithecus afarensis, com capacidade comprovada de locomoção bípede.

A estrutura do forame magno, mais curto e em forma de coração, e a localização da fossa mandibular (onde a mandíbula se articula com o crânio) o diferenciam de outras espécies do mesmo gênero, como Paranthropus robustus. A anatomia das mãos sugere capacidade de preensão precisa, embora não haja evidência direta de que fabricassem ferramentas.

Embora tenha coexistido com espécies do gênero Homo, como Homo habilis e Homo erectus, P. boisei seguiu um caminho evolutivo distinto, baseado na adaptação ao consumo de vegetais resistentes. Essa especialização, que inicialmente representou uma vantagem adaptativa, pode ter levado à sua extinção quando mudanças ambientais reduziram a disponibilidade dos alimentos que compunham sua dieta. Há indícios, ainda que incertos, de que P. boisei poderia ocasionalmente consumir carne ou alimentos mais moles, mas sua morfologia craniana e dentária revela uma alimentação predominantemente vegetal. Seus habitats eram geralmente próximos a fontes de água, como rios e lagos, em ambientes abertos intercalados com vegetação arbórea densa.

A capacidade de P. boisei de consumir alimentos extremamente duros, como sementes, raízes e outros vegetais fibrosos, proporcionava acesso a recursos alimentares que outras espécies não conseguiam aproveitar. Essa vantagem ecológica, no entanto, se tornou um fator limitante à medida que mudanças climáticas e ambientais alteraram a disponibilidade desses recursos. Incapaz de adaptar rapidamente sua dieta altamente especializada, a espécie não sobreviveu à escassez de seu alimento principal. Estudos de desgaste dental sugerem um consumo esporádico de alimentos mais macios e nutritivos, mas não há evidências conclusivas sobre a frequência ou importância desses itens em sua dieta.

Descoberta

O primeiro fóssil de P. boisei foi descoberto em 1959 por Mary Leakey em Olduvai Gorge, na Tanzânia. Essa descoberta foi um marco na paleoantropologia africana, destacando a importância do continente africano como berço da humanidade. Posteriormente, fósseis da espécie foram encontrados em diversos sítios na Tanzânia (Olduvai Gorge e Peninj), Quênia (Koobi Fora, Chesowonja e oeste do lago Turkana) e Etiópia (Konso e bacia do rio Omo).

Classificação

Paranthropus boisei pertence à subfamília dos hominídeos e é um membro do grupo conhecido como australopitecíneos robustos. Este grupo inclui outras espécies como Paranthropus robustus e Paranthropus aethiopicus, sendo caracterizado por sua especialização alimentar. Inicialmente incluído em outros gêneros, como Australopithecus e Zinjanthropus, o P. boisei passou a fazer parte de um gênero próprio com base em análises morfológicas detalhadas.

Dados do Hominídeo:

  • Nome: Paranthropus de Boise
  • Nome Científico: Paranthropus boisei
  • Época: Pleistoceno
  • Local onde viveu: África
  • Peso: Cerca de 65 quilogramas
  • Tamanho: 1,40 metro de altura
  • Alimentação: Onívora

Classificação Científica:

  • Reino: Animalia
  • Filo: Chordata
  • Classe: Mammalia
  • Ordem:Primates
  • Subordem: Haplorrhini
  • Superfamília: Hominoidea
  • Família: Hominidae
  • Subfamília: Homininae
  • Gênero:Paranthropus
  • Espécie:Paranthropus boisei , Mary Leakey, 1959.

Referências:

  • - http://www.becominghuman.org/node/human-lineage-through-time.
  • - http://humanorigins.si.edu/evidence/human-fossils/species/paranthropus-boisei.
  • - https://www.msu.edu/~heslipst/contents/ANP440/boisei.htm.