Introdução

O Kurupi itaata foi um dinossauro brasileiro terópode carnívoro pertencente à família Abelisauridae, que viveu durante o Cretáceo Superior (idade Maastrichtiana), entre 70 e 66 milhões de anos atrás, no território que hoje corresponde ao interior do estado de São Paulo, Brasil. Este gênero representa um dos raros registros de abelissaurídeos na Formação Marília e fornece dados importantes sobre a diversidade desses predadores na América do Sul durante o final do Mesozoico.

Etimologia

O nome Kurupi na lingua tupi guaraní, fazendo referência ao "Deus da fertilidade da mitologia Guaraní". O epíteto específico itaata provém do tupi, unindo os termos ita (“rocha”) e atã (“duro, forte”), em referência às rochas resistentes da região de Monte Alto, onde os fósseis foram descobertos.

Descrição

O Kurupi era um dinossauro bípede, carnívoro e de porte médio para os padrões de abelissaurídeos. Estima-se que tivesse cerca de 5 metros de comprimento, 2 metros de altura e peso aproximado de 300 quilogramas. Seus fósseis preservam principalmente elementos pélvicos e caudais, revelando fortes inserções musculares que indicam adaptações para uma locomoção cursorial, semelhante à observada em outros abelissaurídeos como Carnotaurus e Aucasaurus. Isso sugere que o Kurupi era um predador ágil, provavelmente caçando pequenos e médios répteis e mamíferos que habitavam a região.

O paleoambiente da Formação Marília durante o Maastrichtiano era árido, com baixa pluviosidade anual (200–300 mm). Ainda assim, havia corpos d’água que sustentavam peixes, crocodiliformes e moluscos, além de dinossauros saurópodes titanossaurídeos, que poderiam ter sido potenciais presas ou partícipes do mesmo ecossistema.

Descoberta

O holótipo (MPMA 27-0001/02) foi encontrado em 2002 na região de Monte Alto, interior de São Paulo, durante escavações paleontológicas na Formação Marília. O material consiste em um ísquio esquerdo quase completo articulado com partes da pelve, três vértebras caudais proximais e fragmentos adicionais. A espécie foi descrita oficialmente em 2021 pelos paleontólogos Fabiano V. Iori, Hermínio I. de Araújo-Júnior, Sandra A. Simionato Tavares, Thiago da S. Marinho e Agustín G. Martinelli, no Journal of South American Earth Sciences.

Classificação

Kurupi itaata é classificado dentro da família Abelisauridae, um grupo de terópodes caracterizados por crânios curtos, braços reduzidos e adaptações para vida terrestre ágil. Na análise filogenética, o Kurupi foi posicionado em uma politomia junto a outros gêneros derivados de abelissaurídeos, como Carnotaurus, Rajasaurus, Skorpiovenator e Pycnonemosaurus, embora suas relações exatas permaneçam incertas devido à natureza fragmentada do material.