Introdução

O Dilofossauro (Dilophosaurus wetherilli) foi um dos primeiros grandes dinossauros terópodes que viveram na América do Norte, há aproximadamente 186 milhões de anos, durante o início do período Jurássico Inferior, na região que hoje corresponde ao norte do Arizona, EUA. Considerado o maior predador de sua época nesse território, o Dilofossauro destacava-se por seu corpo esguio, postura bípede e impressionantes cristas duplas no topo do crânio.

Etimologia

O nome Dilophosaurus vem do grego: “di” (dois), “lophos” (crista) e “sauros” (lagarto), significando "lagarto de duas cristas". A espécie wetherilli foi batizada em homenagem a John Wetherill, conselheiro navajo e colaborador de expedições científicas. A designação inicial em 1954 era Megalosaurus wetherilli, sendo posteriormente realocada para o novo gênero Dilophosaurus em 1970, após a descoberta de suas cristas cranianas únicas.

Descrição

O Dilofossauro media cerca de 7 metros de comprimento, com uma altura de aproximadamente 1,60 metros na altura do quadril e um peso estimado em 400 kilogramas. Seu crânio era proporcionalmente grande, mas delicado, com duas cristas ósseas arqueadas que se estendiam longitudinalmente sobre a parte superior do crânio. Acredita-se que essas cristas, possivelmente cobertas por queratina, não tinham função defensiva, mas eram utilizadas em exibições visuais para reconhecimento entre espécies ou seleção sexual.

Sua boca abrigava dentes longos, afiados e curvos, com serrilhas nas bordas — ideais para cortar carne. O focinho apresentava um “entalhe subnarial” (uma separação entre os ossos nasais e a maxila), semelhante ao observado em outros terópodes primitivos. Embora seus maxilares fossem relativamente frágeis, ele compensava essa limitação com fortes membros anteriores, com grandes garras que provavelmente eram usadas para capturar e segurar as presas.

O Dilofossauro tinha quatro dedos nas mãos, sendo o primeiro forte e com uma grande garra, os dois seguintes mais alongados, e o quarto reduzido e vestigial. Os membros posteriores eram robustos, com três dedos funcionais equipados com garras afiadas, o que indica grande agilidade. Sua cauda longa e rígida servia como contrapeso ao corpo.

Estudos indicam que o animal possuía sacos aéreos no crânio e na coluna vertebral, semelhantes aos das aves modernas, o que sugere um metabolismo elevado e respiratório eficiente. Essas características reforçam a hipótese de que o Dilofossauro era um caçador ativo, e não um mero necrófago, como se especulou anteriormente.

Descoberta

Os primeiros fósseis do Dilofossauro foram encontrados em 1940 e escavados em 1942 na Formação Kayenta, no Arizona. O material incluía três esqueletos, sendo dois razoavelmente completos. Inicialmente, os fósseis foram atribuídos ao gênero Megalosaurus, mas em 1970 o paleontólogo Samuel P. Welles identificou as cristas e criou o novo gênero Dilophosaurus.

Fósseis adicionais, incluindo um filhote, foram encontrados nas décadas seguintes. Em 2020, uma revisão completa do material, liderada por Adam Marsh e Timothy Rowe, esclareceu diversos aspectos anatômicos e funcionais do animal, reforçando sua importância como o terópode mais bem representado do Jurássico Inferior.

Classificação

O Dilophosaurus wetherlli pertence à ordem Saurischia, subordem Theropoda, e está classificado na família Dilophosauridae (embora sua posição filogenética ainda gere debates). Alguns paleontólogos o consideram próximo dos Coelophysoidea, enquanto outros o colocam como mais derivado, próximo aos Averostra, grupo que inclui ceratossauros e tetanurans. O Dilophosaurus compartilha características com ambos os grupos, como o entalhe subnarial e a estrutura especializada dos membros anteriores.