Introdução

O Therizinossauro (Therizinosaurus cheloniformis) foi um dos mais enigmáticos e impressionantes dinossauros do período Cretáceo Superior, vivendo há aproximadamente 70 milhões de anos na região que atualmente corresponde ao Deserto de Gobi, na Mongólia. Conhecido por suas enormes garras e seu corpo incomum para um terópode, este animal herbívoro pertenceu a um grupo peculiar de dinossauros chamados Therizinosauridae, dentro do clado Theropoda. Ele habitava ambientes fluviais e úmidos da Formação Nemegt, possivelmente vivendo entre florestas densas e áreas alagadas.

Etimologia

O nome Therizinosaurus vem do grego “therizo” (θερίζω), que significa “ceifar” ou “cortar”, e “sauros” (σαῦρος), que significa “lagarto”, ou seja, “lagarto ceifador”. A espécie cheloniformis deriva do grego “chelone” (χελώνη) para “tartaruga” e do latim “formis” que indica forma ou aparência. Isso se deve ao fato de que os primeiros fósseis encontrados foram inicialmente interpretados erroneamente como pertencentes a uma tartaruga gigante.

Descrição

O Therizinossauro foi um dos maiores representantes dos maniraptoranos, medindo entre 9 e 10 metros de comprimento, 4 a 5 metros de altura e pesando cerca de 3 a 5 toneladas. Seu corpo possuía uma série de características incomuns para um terópode: pescoço longo, corpo largo com barriga volumosa, bico córneo, membros anteriores muito desenvolvidos e garras manuais que podiam ultrapassar 50 centímetros de comprimento, as maiores já conhecidas entre os animais terrestres.

Apesar de pertencer ao grupo dos terópodes, tradicionalmente carnívoros, o Therizinosaurus era herbívoro. Seus braços robustos e garras alongadas provavelmente eram usados para puxar folhagens, e não para defesa ou ataque direto. Estudos sugerem que ele era um comedor seletivo de folhas, com um estilo de alimentação semelhante ao de preguiças e antas atuais. Seus pés possuíam quatro dedos funcionais, diferentemente da maioria dos terópodes que tinham apenas três, o que o aproximava morfologicamente de dinossauros sauropodomorfos.

A postura corporal era bípede, mas acredita-se que o animal pudesse sentar sobre a pelve para se alimentar de folhagens altas. Suas estruturas ósseas indicam que ele possuía músculos fortes nos membros anteriores, e algumas análises indicam que suas garras poderiam ter funções secundárias como intimidação, escavação superficial e disputa por acasalamento.

Descoberta

Os primeiros fósseis foram encontrados em 1948 por uma expedição soviético-mongol no Deserto de Gobi, na Mongólia, mais precisamente na Formação Nemegt. Inicialmente, os fragmentos, compostos principalmente por garras gigantes, foram atribuídos a uma tartaruga gigante. Em 1954, o paleontólogo russo Evgeny Maleev descreveu a espécie Therizinosaurus cheloniformis, criando também a família Therizinosauridae.

Novos fósseis foram sendo encontrados nas décadas seguintes, incluindo partes dos membros anteriores e posteriores, permitindo uma reconstrução mais detalhada do esqueleto do animal. Apenas em 1970, com base em comparações com outros dinossauros, foi proposto que o Therizinosaurus era de fato um terópode. Essa hipótese foi confirmada posteriormente com o avanço da filogenia dos terizinossauros, especialmente após a descoberta de gêneros como Beipiaosaurus, Erlikosaurus e Alxasaurus.

Classificação

Atualmente, Therizinosaurus cheloniformis é classificado dentro do clado Theropoda, na superfamília Therizinosauroidea e família Therizinosauridae. Esta família reúne dinossauros terópodes herbívoros com morfologia singular, incluindo membros longos, pescoços extensos, corpos largos e crânios pequenos com bico córneo. O Therizinosaurus é o maior representante conhecido de sua linhagem e um dos mais derivados dentro do grupo.