Introdução

O Psitacossauro (Psittacosaurus mongoliensis) foi um pequeno dinossauro herbívoro que viveu durante o início do período Cretáceo, entre aproximadamente 125 e 105 milhões de anos atrás, em regiões que hoje compreendem a Ásia (especialmente China, Mongólia, Rússia e Tailândia). É considerado um dos gêneros de dinossauros não-avianos mais bem representados no registro fóssil, com centenas de esqueletos já encontrados, incluindo exemplares de diferentes idades, de filhotes a adultos. Essa ampla variedade de fósseis tornou o Psitacossauro um dos principais objetos de estudo para a compreensão do crescimento, desenvolvimento, comportamento e aparência de dinossauros ceratopsianos.

Etimologia

O nome Psittacosaurus vem do grego antigo psittakos, que significa “papagaio”, e sauros, que significa “lagarto”, significando "lagarto papagaio", em referência à semelhança do seu bico com o de um papagaio moderno. Essa estrutura era bastante rígida e eficiente para cortar vegetação, característica marcante do grupo e o epiteto específico mongoliensis faz referêncial ao local onde foram encontrados os fósseis, na Mongólia. O nome foi proposto por Henry Fairfield Osborn em 1923 com base nas semelhanças cranianas observadas no material fóssil coletado. O nome completo se traduz como "lagarto papagaio da Mongólia".

Descrição

O Psitacossauro era um dinossauro herbívoro bípede, com comprimento de cerca de 2 metros, 0,75 metros de altura e peso estimado entre 20 e 25 kg em adultos. Possuía uma cabeça alta e curta, com um bico córneo proeminente adaptado à alimentação vegetal. A estrutura corporal era relativamente leve, com membros posteriores longos e anteriores curtos, indicando postura predominantemente bípede na fase adulta. Estudos sugerem que os filhotes poderiam ser quadrúpedes nos primeiros anos de vida.

Sua cauda era longa e rígida, e alguns espécimes, como o famoso SMF R 4970, preservam estruturas parecidas com cerdas ou penas filamentosas na cauda, possivelmente com função de exibição. Esse mesmo espécime também revelou aspectos únicos da pele, coloração (com contra-sombreamento para camuflagem em ambientes florestais), e até da cloaca, oferecendo raros detalhes da anatomia de tecidos moles em dinossauros não-avianos.

O crânio possuía um padrão semelhante ao de outros ceratopsianos primitivos, mas sem as ornamentações (como chifres ou golas ósseas) vistas em formas mais derivadas como o Triceratops. Os dentes estavam adaptados para cortar, não mastigar, e muitos indivíduos apresentavam gastrolitos (pedras no estômago) que auxiliavam na digestão da vegetação.

Descoberta

O primeiro fóssil de Psittacosaurus foi descoberto durante a Terceira Expedição Asiática do Museu Americano de História Natural em 1922, liderada por Henry Fairfield Osborn. O exemplar tipo, um esqueleto quase completo com crânio, foi encontrado na Formação Oshih, na Bacia Artsa Bogdo, na Mongólia, e descrito formalmente em 1923. Osborn também criou a família Psittacosauridae para agrupar essa nova forma de ceratopsiano.

Desde então, fósseis de Psittacosaurus foram encontrados em diversas formações geológicas do Cretáceo Inferior em toda a Ásia, especialmente na China (Formações Yixian, Jiufotang e Qingshan) e na Sibéria. Diversas espécies foram atribuídas ao gênero, como Psittacosaurus mongoliensis (a mais conhecida), P. sinensis, P. sibiricus, P. lujiatunensis, entre outras. A espécie P. sibiricus, por exemplo, é considerada a maior do grupo, com até 2,5 metros de comprimento.

Classificação

O Psittacosaurus pertence à ordem Ornithischia, subordem Marginocephalia e infraordem Ceratopsia, sendo um dos primeiros representantes conhecidos desse grupo. Ele integra a família Psittacosauridae, hoje considerada como um ramo basal da linhagem dos ceratopsianos. Estudos filogenéticos apontam que o Psittacosaurus está mais próximo de formas derivadas como Protoceratops e Triceratops, porém divergiu precocemente no Cretáceo Inferior.

Apesar da extensa diversidade de espécies atribuídas ao gênero (mais de 17 nomes foram propostos), apenas cerca de 9 a 11 são hoje consideradas válidas. Essa variação é resultado tanto da excelente preservação dos fósseis quanto da evolução geográfica da linhagem em diferentes ambientes asiáticos durante o Cretáceo.