Tatu Gigante Carnívoro
(Macroeuphractus outesi)
Paleoartes:
- AVPHAnimação
Introdução
O Tatu Gigante Carnívoro (Macroeuphractus outesi) foi uma espécie extinta de tatu carnívoro que viveu do Mioceno Superior ao Plioceno Superior na América do Sul. Trata-se de um dos mais notáveis representantes dos xenartros, pois apresenta um grau de especialização carnívora extremamente incomum para o grupo. A espécie habitou ambientes abertos e semiabertos do atual território da Argentina, em um período marcado por profundas transformações faunísticas, quando grandes predadores tradicionais começaram a declinar, abrindo espaço para novas linhagens explorarem nichos ecológicos de topo da cadeia alimentar.
Etimologia
O nome científico Macroeuphractus outesi deriva do grego e do latim, em que “macro” significa “grande” e “Euphractus” faz referência ao gênero moderno de tatus ao qual a espécie apresenta semelhança morfológica. O epíteto específico “outesi” homenageia o naturalista argentino Carlos Outes. A espécie foi descrita por Florentino Ameghino em 1908, a partir de fósseis encontrados na Argentina.
Descrição
Macroeuphractus outesi destacava-se como o maior tatu carnívoro não pampatério nem gliptodonte já conhecido. O comprimento corporal era de pouco mais de 1 metro, seguido por uma altura estimada de aproximadamente 40 a 50 centímetros ao nível do dorso, e um peso que provavelmente variava entre 30 e 100 quilogramas, dependendo do indivíduo e da estimativa adotada. Mesmo na estimativa mais conservadora, tratava-se de um predador de grande porte para os padrões dos tatus.
A espécie apresentava adaptações claras à hipercarnivoria, únicas entre os xenartros. Possuía dentes caniniformes grandes e cônicos, mandíbula profunda, fossa temporal alargada e musculatura mastigatória extremamente desenvolvida, indicando mordida poderosa. O arco zigomático era robusto, aumentando a eficiência mecânica da musculatura temporal. Essas características aproximam funcionalmente Macroeuphractus de mamíferos predadores especializados, apesar de sua origem em um grupo predominantemente insetívoro-onívoro.
Assim como outros tatus, era fossorial, utilizando suas garras fortes para escavar o solo. Essa habilidade provavelmente era empregada não apenas para abrigo, mas também para capturar presas, como roedores caviomorfos, pequenos notoungulados e marsupiais paucituberculados. Pelo seu tamanho e especialização, Macroeuphractus outesi provavelmente ocupava posições elevadas na cadeia alimentar de suas comunidades.
Descoberta
Macroeuphractus outesi é conhecido a partir de um único espécime relativamente bem preservado proveniente do Plioceno Superior da província de Buenos Aires, na Argentina. O material inclui um crânio quase completo e diversos elementos pós-cranianos, permitindo uma reconstrução anatômica detalhada. A descrição feita por Florentino Ameghino em 1908 destacou imediatamente o tamanho incomum e a dentição altamente especializada da espécie.
Descobertas posteriores de espécies relacionadas do gênero Macroeuphractus em outras formações sul-americanas ajudaram a contextualizar M. outesi dentro de uma linhagem mais ampla de tatus carnívoros, ativos durante um intervalo em que outros grandes predadores, como esparassodontes e forusracídeos, estavam em declínio.
Classificação
Macroeuphractus outesi pertence ao Reino Animalia, Filo Chordata, Classe Mammalia, Ordem Cingulata, Família Chlamyphoridae, Subfamília Euphractinae, Gênero †Macroeuphractus e Espécie †M. outesi. Filogeneticamente, o gênero é considerado um grupo irmão dos euphractinos modernos, como Euphractus, juntamente com outros gêneros fósseis como Paleuphractus, Doellotatus e Proeuphractus.
Macroeuphractus representa um exemplo raro de convergência evolutiva entre xenartros e mamíferos predadores mais típicos, demonstrando que tatus também puderam ocupar nichos de superpredadores em determinados contextos ecológicos da América do Sul pré-pleistocênica.
Dados do Megamamífero:
- Nome: Tatu Gigante Carnívoro
- Nome Científico: Macroeuphractus outesi
- Época: Mioceno e Plioceno
- Local onde viveu: América do Sul
- Peso: Cerca de 100 kilogramas
- Tamanho: 0,50 metro de altura e 1,0 metro de comprimento
- Alimentação: Carnívora
Classificação Científica:
- Reino: Animalia
- Filo: Chordata
- Classe: Mammalia
- Ordem: Cingulata
- Família: Chlamyphoridae
- Subfamília: Euphractinae
- Gênero: †Macroeuphractus
- Espécie: †Macroeuphractus outesi Ameghino, 1908.
Referências:
- - AMEGHINO, F. 1908. Las formaciones sedimentarias de la región litoral de Mar del Plata y Chapalmalán. Anales del Museo Nacional de Historia Natural, Buenos Aires.
- - Prevosti, Francisco J.; Analía Forasiepi; Natalia Zimicz (2013). "A evolução da guilda de predadores mamíferos terrestres do Cenozóico na América do Sul: competição ou substituição?". Journal of Mammalian Evolution. 20: 3–21. doi:10.1007/s10914-011-9175-9.
- - SCILLATO-YANE, Gustavo Juan et al. Los xenartros. 1995.
- - Sergio F. Vizcaíno e Gerardo De Iuliis, Evidência de Carnivoria Avançada em Tatus Fósseis (Mammalia: Xenarthra: Dasypodidae), Paleobiology Vol. 29, nº 1 (2003).


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