Atlas Virtual da Pré-História

Darwinius

(Darwinius masillae)

Darwinius masillae - AVPH

Paleoartes:

- AVPH

Animação

Introdução

O Darwinius masillae é um primata fóssil do Eoceno Médio, com cerca de 47 milhões de anos, descoberto no célebre sítio fossilífero de Messel, na Alemanha. O espécime de uma jovem fêmea apelidada de “Ida”, possuí uma preservação excepcional, incluindo ossos, contorno corporal, impressões de pelos e até parte do conteúdo estomacal. Com um esqueleto completo em aproximadamente 95%, é considerado um dos fósseis de primata mais completos já encontrados. A descoberta teve grande destaque científico e midiático, pois, por sua morfologia, ajuda a compreender a diversificação inicial dos primatas, ainda que sua posição exata na árvore evolutiva seja objeto de debate.

Etimologia

O nome científico Darwinius masillae homenageia duas referências importantes: o gênero foi nomeado em celebração ao bicentenário de Charles Darwin, enquanto o epíteto específico “masillae” faz alusão ao sítio fossilífero de Messel (antiga “Masilla”), local onde o exemplar foi encontrado. Esse nome reforça tanto a relevância científica do fóssil quanto o lugar onde sua preservação excepcional ocorreu.

Descrição

Darwinius masillae era um pequeno primata adapiforme, com aparência semelhante à de um lêmure, mas com várias características que o distinguem dos strepsirrhinos modernos. O espécime “Ida” possuía corpo leve, membros relativamente curtos, mãos com cinco dedos e polegares opositores, indicando boa habilidade de escalada e agarramento, importantes para a vida arborícola. Seus olhos orientados para a frente sugerem visão estereoscópica bem desenvolvida, também típica de primatas arborícolas. Possuíam aproximadamente 58 centímetros de comprimento incluindo a cauda e pesavam cerca de 650 gramas.

A dentição mostra ausência de pente dental e de garra higiênica, traços comuns nos lêmures e loris atuais, e presença de unhas em vez de garras. A análise dental indica que Ida tinha cerca de 8 meses de vida, possivelmente equivalente a cerca de 6 anos em humanos, e apresentava uma dieta herbívora, alimentando-se principalmente de folhas, sementes e frutos. A preservação do conteúdo estomacal confirma seu hábito alimentar.

Reconstruções anatômicas sugerem que Darwinius possuía agilidade para se movimentar entre galhos, com braços flexíveis e postura adaptada à locomoção arbórea. A ausência de báculo indica que o espécime holótipo era uma fêmea.

Descoberta

O fóssil de Darwinius masillae foi encontrado em 1983 no sítio de Messel, um depósito de xisto conhecido pela preservação excepcional da fauna do Eoceno. Após a descoberta, o fóssil foi separado em duas partes — a placa principal e a contraplaca — que seguiram trajetórias independentes. A contraplaca passou por adulterações, recebendo partes falsificadas antes de ser identificada como pertencente ao mesmo exemplar. Somente em 2006, após análises detalhadas, as duas porções foram reunidas e reconhecidas como partes complementares do mesmo indivíduo.

A análise aprofundada foi conduzida por uma equipe internacional de paleontólogos liderada por Jørn Hurum, Jens Franzen, Philip Gingerich e outros especialistas. O estudo foi publicado em 2009, despertando enorme interesse público e sendo acompanhado por documentários, livros e ampla divulgação. Apesar da forte repercussão, parte da comunidade científica apontou que algumas interpretações iniciais foram excessivamente divulgadas antes da revisão adequada, especialmente a ideia de que o fóssil representaria um “elo perdido”.

A causa da morte da jovem fêmea provavelmente está relacionada à inalação de gases tóxicos, como dióxido de carbono, emitidos naturalmente no lago Messel. Evidências de um pulso em processo de cicatrização sugerem que ela poderia estar debilitada no momento do acidente. Uma vez depositado no fundo anóxico do lago, o corpo foi rapidamente coberto por sedimentos finos, permitindo sua preservação extraordinária por milhões de anos.

Classificação

Darwinius masillae pertence ao Reino Animalia, Filo Chordata, Classe Mammalia, Ordem Primates, Família †Adapidae, Gênero Darwinius e Espécie D. masillae. Os adapiformes, grupo ao qual pertence, são primatas basais conhecidos apenas pelo registro fóssil. Eles são tradicionalmente associados aos strepsirrhinos, embora alguns autores tenham sugerido proximidade com haplorrhinos em análises iniciais. No entanto, estudos mais amplos, comparando um número maior de características anatômicas, têm mostrado que *Darwinius* é mais próximo dos lêmures do que dos antropoides, afastando a hipótese de que seja um ancestral direto dos primatas superiores ou da linhagem humana.

Entre seus parentes fósseis mais próximos estão adaptaformas europeias como Europolemur e Godinotia, que compartilham características relacionadas ao estilo de vida arborícola e à estrutura craniana. Assim, Darwinius masillae representa um ramo importante para compreender a diversidade e a evolução inicial dos primatas do Eoceno, embora não seja considerado um “elo perdido” no sentido tradicional.

Dados do Dinossauro:

  • Nome: Darwinius
  • Nome Científico: Darwinius masillae
  • Época: Eoceno
  • Local onde viveu: Europa
  • Peso: Cerca de 650 gramas
  • Tamanho: 58 centímetros de comprimento
  • Alimentação: Herbívora

Classificação Científica:

  • Reino: Animalia
  • Filo: Chordata
  • Classe: Mammalia
  • Ordem: Primata
  • Família: †Adapidae
  • Gênero:Darwinius
  • Espécie:Darwinius masillae Franzen et al., 2009.

Referências:

  • - Christine McGourty (19 de maio de 2009). «Science & Environment; Scientists hail stunning fossil». BBC News. Consultado em 20 de maio de 2009.
  • - Franzen, J. L.; Gingerich, P. D.; Habersetzer, J.; Hurum, J. H.; Von Koenigswald, W.; Smith, B. H. (2009). J., Hawks, ed. «Complete primate skeleton from the Middle Eocene of Messel in Germany: morphology and paleobiology». PLOS ONE. 4 (5): e5723. Bibcode:2009PLoSO...4.5723F. PMC 2683573Acessível livremente. PMID 19492084. doi:10.1371/journal.pone.0005723.