Introdução

O Chalicotherium (Chalicotherium goldfussi) foi um mamífero herbívoro pré-histórico pertencente ao grupo dos perissodáctilos (ungulados de dedos ímpares), parentes dos atuais cavalos, rinocerontes e antas, que viveu entre aproximadamente 15,9 e 5,3 milhões de anos atrás durante o Mioceno Médio ao Final na Europa e Ásia.

Etimologia

O nome do gênero Chalicotherium deriva do grego antigo χάλιξ (khalix), que significa "cascalho" ou "pedregulho", e θηρίον (thērion), que significa "animal" ou "besta", fazendo referência ao aspecto de seus dentes. O epíteto específico goldfussi homenageia o naturalista Georg August Goldfuss. Gerando o significado do nome "besta de cascalho de Goldfuss".

Descrição

O C. goldfussi era um animal de grande porte, com cerca de 2,6 metros de altura nos ombros e peso estimado em até 1,5 toneladas. Possuíam membros anteriores longos e robustos com grandes garras curvas, usados para puxar ramos e folhas de árvores, praticando o pastoreio seletivo de vegetação alta. Seus membros posteriores, mais curtos e fortes, sustentavam a maior parte do peso corporal.

Esses animais estranhos inicialmente confundiram os paleontólogos, porém depois que encontraram seu esqueleto completo o enigma foi desfeito. Uma de suas primeiras descrições resume sua forma, "um gorila misturado com um cavalo robusto", porém seus hábitos eram semelhantes a de preguiças gigantescas, as quais viviam em florestas comendo folhas das árvores, mas a semelhança é apenas convergência adaptativa.

Sua postura corporal era peculiar: caminhava apoiando os nós dos dedos das mãos, como fazem os gorilas, em um tipo de locomoção conhecida como caminhada sobre os nós. Estudos anatômicos indicam também que o animal possuía calosidades ósseas no ísquio, sugerindo que se sentava sobre a garupa para se alimentar por longos períodos.

A dentição era especializada: os indivíduos adultos perdiam os dentes incisivos e caninos superiores ao atingirem a maturidade sexual, provavelmente substituindo o corte direto de vegetais por estruturas de lábios musculosos e almofadas gengivais, que facilitavam o consumo de folhas moles. Seus molares baixos e largos indicam uma dieta composta por vegetação macia.

Apesar de sua aparência invulgar, há convergência evolutiva com animais como preguiças terrestres, pandas-gigantes, ursos e até alguns dinossauros terópodes como os terizinossauros, no que diz respeito à locomoção e ao uso das garras para forrageamento.

Descoberta

O gênero Chalicotherium foi descrito pela primeira vez em 1833 pelo paleontólogo alemão Johann Jakob Kaup, com base em fósseis encontrados em camadas do Mioceno Superior da região de Eppelsheim, na Alemanha. Inicialmente, um fóssil de garra encontrado nessa localidade foi erroneamente identificado por Georges Cuvier como sendo de um pangolim gigante.

Outros fósseis atribuídos a essa espécie foram descobertos em regiões como a França (Sansan, Gers) e posteriormente também na Ásia (Mongólia e China), embora alguns tenham sido inicialmente atribuídos a gêneros distintos, como Macrotherium, sendo mais tarde reunidos sob o gênero Chalicotherium após reavaliação.

Classificação

O Chalicotherium goldfussi pertence à ordem Perissodactyla, família extinta Chalicotheriidae e subfamília Chalicotheriinae. Foi o gênero-tipo da família, com várias espécies atribuídas ao longo do tempo. Sua morfologia única o distingue como um dos exemplos mais extremos de especialização herbívora entre os ungulados do Mioceno.