Introdução

O Aratassauro (Aratasaurus museonacionali) foi um pequeno dinossauro brasileiro terópode que viveu há aproximadamente entre 115 e 110 milhões de anos, durante o Cretáceo Inferior (idades Aptiana-Albiana), na região da Bacia do Araripe, no atual estado do Ceará, Brasil. Era um carnívoro bípede de porte médio que fazia parte da fauna que habitava áreas de paleolago costeiro com rica biodiversidade.

Etimologia

O nome do gênero Aratasaurus é formado por palavras de origem tupi: “ara” significa "nascido", e “ata” significa "fogo", enquanto saurus, do grego, significa "lagarto", formando assim "lagarto nascido do fogo". O epíteto específico museunacionali é uma homenagem ao Museu Nacional da UFRJ, que foi severamente atingido por um incêndio em 2018, mas ao qual o fóssil sobreviveu, tornando-se símbolo de resiliência científica. O nome completo da espécie, portanto, significa “lagarto nascido do fogo do Museu Nacional”.

Descrição

O Aratassauro era um dinossauro carnívoro bípede pertencente ao grupo dos Coelurosauria, o mesmo grupo que inclui dinossauros famosos como Tyrannosaurus, Velociraptor e também as aves modernas. O espécime encontrado (holótipo MPSC R 2089) preserva parte da perna traseira direita, incluindo fêmur, tíbia e parte do pé. Com base em comparações com espécies aparentadas, estima-se que esse indivíduo juvenil media cerca de 3,1 metros de comprimento e aproximadamente 1,2 metro de altura, com peso estimado em torno de 35 quilogramas. A análise histológica de seus ossos revelou a presença de apenas quatro linhas de crescimento, indicando que o animal ainda estava em fase de desenvolvimento e poderia crescer mais.

A anatomia dos dedos da pata traseira revelou características importantes para sua classificação, apontando para uma linhagem de celurossauros mais basal, provavelmente anterior à que deu origem aos tiranossaurídeos. É possível que esse grupo já apresentasse penas rudimentares, embora nenhum fóssil de pena tenha sido associado diretamente ao espécime.

Descoberta

O fóssil foi descoberto em 2008 em uma mina de gesso na Formação Romualdo (Bacia do Araripe), no município de Santana do Cariri, Ceará. Inicialmente depositado no Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, passou depois por preparação e estudo no Centro Acadêmico de Vitória da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e posteriormente no Museu Nacional/UFRJ, onde sobreviveu ao incêndio de 2018. O estudo foi conduzido por uma equipe composta por pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), da Universidade Regional do Cariri (Urca) e do Museu Nacional, Juliana Manso Sayão, Antônio Álamo Feitosa Saraiva, Arthur Souza Brum, Renan Alfredo Machado Bantim, Rafael Cesar Lima Pedroso de Andrade, Xin Cheng, Flaviana Jorge de Lima, Helder de Paula Silva e Alexander W. A. Kellner e publicado em 2020 na revista Scientific Reports do grupo Nature.

Classificação

O Aratasaurus museunacionali pertence ao clado Theropoda e, dentro deste, ao grupo Coelurosauria. Estudos filogenéticos indicam que ele está proximamente relacionado ao gênero asiático Zuolong, do Jurássico da China, sugerindo uma origem mais antiga e ampla distribuição dos celurossauros do que se supunha. Essa descoberta também contribui para reforçar a presença diversificada de terópodes carnívoros na Bacia do Araripe durante o Cretáceo, e destaca a importância do Nordeste brasileiro na compreensão da evolução dos dinossauros.