Introdução

O Acantodes de Bronn (Acanthodes bronni) foi um peixe acantódio que viveu durante o início do período Permiano, há cerca de 290 milhões de anos, em ambientes de água doce localizados na região que hoje corresponde ao sul da Alemanha, atual Europa, que durante esse período fazia parte da Laurásia. Representante de um grupo extinto de peixes primitivos conhecidos como acantódios, o Acanthodes é um dos últimos gêneros desse grupo a aparecer no registro fóssil, tendo existido desde o início do Carbonífero até o início do Permiano.

Este pequeno peixe é amplamente estudado por sua importância evolutiva, pois apresenta características tanto dos peixes ósseos (Osteichthyes) quanto dos cartilaginosos (Chondrichthyes), o que levanta hipóteses sobre sua possível posição como ancestral comum desses dois grandes grupos de vertebrados, incluindo, portanto, todos os vertebrados terrestres, como os seres humanos.

Etimologia

O nome Acanthodes deriva do grego antigo akanthódis (ἄκανθώδης), que significa "dotado de espinhos", em referência às espinhas rígidas que reforçavam suas nadadeiras. O epíteto específico bronni homenageia o paleontólogo alemão Heinrich Georg Bronn, que contribuiu significativamente para a paleontologia no século XIX.

Descrição

O corpo do Acanthodes bronni era alongado e esguio, medindo cerca de 20 a 30 centímetros de comprimento. A espécie possuía uma série de nadadeiras reforçadas por espinhos: um par de nadadeiras peitorais, uma nadadeira dorsal localizada mais próxima da cauda, uma nadadeira anal e um par de nadadeiras ventrais alongadas. Todo o corpo era coberto por escamas que variavam de forma conforme a posição anatômica.

Diferente da maioria dos peixes contemporâneos, o Acanthodes não possuía dentes, mas apresentava brânquias com longos filamentos, os chamados “gill rakers”, que permitiam a filtração de pequenos organismos do ambiente aquático. Essa característica indica que era um alimentador por suspensão, consumindo plâncton e pequenos crustáceos. Seus olhos bem desenvolvidos apresentavam tanto bastonetes quanto cones, sugerindo que esse peixe era capaz de enxergar em cores, uma habilidade rara para peixes fósseis desse período.

O esqueleto do Acantodes, como o de outros acantódios, não era completamente ossificado, com a coluna vertebral composta principalmente por cartilagem.

Descoberta

Fósseis de A. bronni foram encontrados em depósitos de água doce no sul da Alemanha, datados do início do Permiano. Esses fósseis estão entre os mais bem preservados do grupo, permitindo análises detalhadas de sua anatomia craniana e de tecidos moles, como os olhos.

Estudos revelam que a espécie era presa comum de grandes anfíbios predadores da época, como Archegosaurus e Glanochthon. A ampla distribuição do gênero Acanthodes também inclui achados em outras partes da Europa, América do Norte e Ásia.

Classificação

Historicamente, os acantódios foram considerados uma classe à parte de peixes primitivos. Contudo, estudos realizados a partir da década de 2010, baseados em reconstruções detalhadas do crânio de Acanthodes, demonstraram que o grupo é parafilético e deve ser interpretado como parte do ramo basal dos Chondrichthyes (peixes cartilaginosos).

O gênero Acanthodes é tradicionalmente incluído na ordem Acanthodiformes, que também é considerada parafilética. Ainda assim, espécies como Acanthodes confusus e Acanthodes splendidus são notáveis por atingirem até 80 centímetros de comprimento, enquanto outras, como Acanthodes ultimus, não passavam de 15 centímetros.

Atualmente, Acanthodes bronni é considerado um dos representantes mais recentes e mais bem compreendidos dos acantódios, sendo um modelo-chave para o estudo da origem dos vertebrados modernos.