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Tartaruga Cabeçuda

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   A Tartaruga Cabeçuda é a que ocorre em maior número no Brasil e a que faz o maior número de desovas em nossas praias, tem a cabeça proporcionalmente maior do que as outras espécies, chegando a medir 25 centímetros e é também chamada de tartaruga mestiça. Seu dorso é marrom e o ventre é amarelado. A carapaça tem medida curvilínea média de 110 centímetros de comprimento (Marcovaldi & Chaloupka, 2007; Marcovaldi & Laurent, 1996) e o peso médio do animal é de 150 a 180 quilogramas (Pritchard & Mortimer, 1999), embora alguns exemplares cheguem a 250 quilogramas. A carapaça possui 5 pares de placas laterais, sendo que as placas são justapostas, a coloração é marrom-amarelada, o ventre é amarelo claro e a cabeça possui 2 pares de placas (ou escudos) pré-frontais e 3 pares pós-orbitais, sendo o tamanho relativamente grande e desproporcional ao corpo (MÁRQUEZ, 1990).
   Esta espécie é onívora, podendo se alimentar de crustáceos, principalmente camarões, moluscos, águas-vivas, hidrozoários, ovos de peixes e algas. Habitam normalmente profundidades rasas até cerca de 20 m. Existem registros de mergulhos até cerca de 230 m de profundidade. Suas mandíbulas poderosas lhe permitem triturar as conchas e carapaças de moluscos e crustáceos.

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   Ocorre praticamente nos mares tropicais, subtropicais e temperados de todo o planeta, indo do Atlântico e Índico até o Pacífico (Dodd, 1988). Habitando principalmente no norte e sudoeste do Oceano Índico, na Austrália, Japão, Estados Unidos, sendo a tartaruga marinha mais comum no sudeste dos E.U.A. e com mais de 10.000 ninhos por ano (Hutchinson & Hutchinson, 2006; Marcovaldi & Chaloupka, 2007), Mediterrâneo (Grécia e Turquia) e no Brasil, onde é encontrada em praticamente em todo o litoral, para desovar procura preferencialmente as praias do norte do Rio de Janeiro, e especialmente no norte da Bahia, norte do Espírito Santo e Sergipe. No Atlântico, os principais locais reprodutivos estão localizados na costa sudeste dos Estados Unidos, em Cabo Verde e no Brasil (Hutchinson & Hutchinson, 2007).
   Áreas secundárias de desova no Brasil ocorrem no sul do Espírito Santo e sul da Bahia, sendo também registradas em Parati/RJ (Campos et al., 2004), em Ubatuba no litoral norte de São Paulo (Banco de Dados TAMAR/SITAMAR), Pontal do Peba/AL, litoral do Ceará (Banco de Dados TAMAR/SITAMAR), Pipa/RN (Banco de Dados TAMAR/SITAMAR), Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Nakashima et al., 2004). Nas áreas com desovas regulares, a temporada de reprodução tem inicio em meados de setembro e termina em março (Marcovaldi & Laurent, 1996), sendo novembro o mês com maior número de desovas (Marcovaldi & Chaloupka, 2007).
   Fêmeas de C. caretta encontradas em praias de reprodução entre Sergipe e Rio de Janeiro apresentaram comprimento curvilíneo médio de carapaça de 103 cm e depositaram uma média de 127 ovos por postura (Marcova ldi & Chaloupka, 2007). Em outros países, as fêmeas remigram em intervalos de 1 a 9 anos (Dodd, 1988), com média de 2 anos a 3 anos e realizam de 1 a 7 desovas em uma mesma estação reprodutiva (Dodd, 1988). As desovas de C. caretta das praias da Bahia e Sergipe produzem maior quantidade de fêmeas (89,3 a 100%), já nas praias do Espírito Santo, apresentam uma proporção de filhotes fêmea bem menor (53,5 a 70,5 %) (Marcovaldi et al., 1997).
   Estudos genéticos baseados em DNA mitocondrial, mostraram que a população brasileira de C. caretta é distinta das demais populações conhecidas no mundo e se divide em duas sub-populações, uma no nordeste (praias da Bahia e Sergipe) e outra no sudeste (praias do Rio de Janeiro e Espírito Santo). Foram estudados 125 indivíduos juvenis capturados acidentalmente na pescaria de espinhel pelágico, na Elevação do Rio Grande e 59,5% pertenciam à população brasileira e 40,5% a outras populações (Atlântico Norte, Mediterrâneo e Indo – Pacífico)(Marcovaldi & Chaloupka, 2007). Foi observado que pertenciam à população do Brasil todos os indivíduos juvenis e subadultos (n=14) capturados na pescaria de arrasto de parelha no estuário do Rio da Prata (Caraccio et al., 2008). Estudo genético realizado com fêmeas de C. caretta (N=51) que se reproduzem no estado de Sergipe apontou um índice de ocorrência de hibridismo significativo (27%) com Lepidochelys olivacea sem motivo aparente (Reis et al., 2009b).
   Pouco procurada pela carne, e embora os ovos ainda sejam comercializados em alguns lugares no mundo, a ação humana não é o maior fator para a sobrevivência desta espécie. As populações têm declinado em alguns lugares devido à captura acidental como resultado de uma intensificação no setor pesqueiro embora em outros lugares, como na Flórida e na África do Sul estejam aumentando. Outros fatores também ameaçam esta espécie: na Grécia e na Turquia, por exemplo, onde o turismo e a extração de areia têm crescido nas principais áreas de desova.

Dados do Quelônio:
Nome: Tartaruga Cabeçuda
Nome Científico: Caretta caretta
Época: Holoceno
Local onde Vive: Oceano Atlântico
Peso: Cerca de 250 quilogramas
Tamanho: 1,1 metros de comprimento de carapaça
Alimentação: Onívora

Classificação Científica:
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Ordem: Testudinata
Família: Cheloniidae
Gênero: Caretta
Espécie: Caretta caretta (Linnaeus, 1758)


Referências:
- CAMPOS, F. R.; BECKER, J. H.; GALLO , B. M. G. Registro de ocorrência reprodutiva da tartaruga marinha Caretta caretta em Parati, litoral sul do Rio de Janeiro. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE OCEANOGRAFIA, 2., 2004. São Paulo. Resumos... São Paulo: Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo, 2004.
- CARACCIO, M. N.; DOMINGO, A.; MÁEQUEZ, A.; NARO-MACIEL, E.; MILLER, P.; PEREIRA, A. Las aguas del Atlántico Sudoccidental y su importancia en el ciclo de vida de la tortuga cabezona (Caretta caretta): evidencias a través del análisis del ADNmt. Collective Volume of Scientific Papers ICCAT. v.62, n.6, p. 1831-1837, 2008.
- DODD, C. K. Synopsis of the biological data on the loggerhead sea turtle Caretta caretta (Linnaeus 1758). U.S. Biological Report. n. 88, p.14, 1988.
- HUTCHINSON, B. J. & HUTCHINSON, A. A global snapshot of loggerheads and leatherbacks. SWOT Report. v. 2, p. 20-25, 2006.
- MARCOVALDI, M. A. & LAURENT, A. A six season study of marine turtle nesting at Praia do Forte, Bahia, Brazil, with implications for conservation and management. Chelonian Conservation and Biology. v. 2, p. 55-59, 1996.
- MARCOVALDI, M. A.; CHALOUPKA, M. Conservation status of the loggerhead sea turtle in Brazil: an encouraging outlook. Endangered Species Research. v. 3, p. 133-143, 2007.
- MARQUEZ, M. R. FAO species catalogue. Vol.11: Sea turtles of the world. An annotated and illustrated catalogue of sea turtle species known to date. FAO Fisheries Synopsis n. 125, v. 11. Rome, FAO. 81 p. 1990.
- PLANO DE AÇÃO NACIONAL PARA CONSERVAÇÃO DAS TARTARUGAS MARINHAS, Série Espécies Ameaçadas nº 25, INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE (ICMBio 2011), http://www.icmbio.gov.br.
- PRITCHARD, P. C. H. & MORTIMER, J. A. Taxonomy, external morphology and species identification. In: ECKERT, K. L.; BORNDAL, K. A.; ABREU-GROBOIS, F. A.; DONNELLY, M. (eds), Research and Management Techniques for the Conservation of Sea Turtles. IUCN/SSC Marine Turtle Specialist Group Publication n. 4. 235 p. p. 21-38, 1999.
- REIS, E. C.; SOARES, L. S.; VARGAS, S. M.; SANTOS, F. R.; YOUNG, R. J.; BJORNDAL, K. A.; BOLTEN, A. B.; LÔBO-HADJU, G. Genetic composition, population structure and phylogeography of loggerhead sea turtle: colonization hypothesis for the Brazilian rookeries. Conservation Genetics. 2009b.


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